Destaque Hagiografia

A IGREJA NÃO SANTIFICA NINGUÉM5 minutos para ler

Santa Teresinha do Menino Jesus - Arautos Veritas

“O que foi é o que será. O que aconteceu é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol.” (Ecl 1, 9)

Causou estranhamento a afirmação de certo sacerdote, durante uma homília, de que a Igreja não santifica ninguém, pois, afinal, faz parte do senso comum a crença de que alguém só se torna santo se a Igreja oficialmente assim o reconhecer. Um conceito equivocado, no entanto, segundo a clara explicação do padre, que levou os fiéis a compreenderem que, de fato, a Igreja não santifica ninguém. O que ela faz, depois da morte da pessoa, é cumprir um procedimento de averiguação (processo canônico) para constatar “se a pessoa em questão praticou em grau heroico as virtudes cristãs, tanto as teologais (fé, esperança e caridade) quanto as morais (prudência, justiça, fortaleza e temperança). Sem virtudes heroicas comprovadas não há canonização possível”1.

O que isso quer dizer? Quer dizer que a Igreja, em sua infalível sabedoria, não transforma ninguém em santo. A santidade é uma construção de toda a vida, tijolinho por tijolinho, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. A Igreja apenas fará, posteriormente, o reconhecimento disso, através de uma análise longa e minuciosa, com provas e testemunhos absolutamente claros e inequívocos.

Santos Perseguidos

A coletânea de artigos denominada “Santos Perseguidos”, que agora começa a ser publicada neste site, apresentará fatos pitorescos e interessantes sobre a vida de diversos santos. Alguns deles conhecidos e venerados em diversas partes do mundo; outros, desconhecidos, mas, cujas trajetórias fizeram diferença na História da humanidade. Conhecer a vida desses bem-aventurados nos faz refletir e traz refrigério às nossas almas, pois, se há uma generalidade de homens corruptos, pecadores contumazes, votados à prática do mal no qual se comprazem e ao qual arrastam com seus maus exemplos e licenciosidade, uns poucos há que viveram – e ainda vivem – de tal forma a fé, a esperança, a caridade e todas as demais virtudes necessárias à santidade, que garantem a harmonia ainda existente no mundo.

Balança

Comparemos a vida a uma grande balança, tendo de um lado uma multidão de pecadores. Do outro, uma única alma, aguerrida e inteiramente dedicada a Nosso Senhor Jesus Cristo. Seguramente, essa alma solitária terá peso suficiente para garantir o equilíbrio entre os dois pratos, pois o próprio Cristo representa o fiel da balança. “Sobreveio a Lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20).

Dessa forma, devemos compreender que a Igreja reconhece a santidade, mas não santifica ninguém. A santificação, à qual todos estamos convidados, é obra de cada um.

Mas, afinal, o que é ser santo? Será que santos são os que rezam muito? Sem dúvida os santos rezam muito, mas nem todos que rezam muito são santos, pois, como disse o Divino Mestre: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus” (Mt 7, 21).

Há muitos anos, em uma pregação, Monsenhor João Clá afirmou: “Todos vocês são convidados a serem santos, mas, santos de altar, santaços!” Suas palavras cativavam e, ao mesmo tempo, impactavam. Por que ele fazia convite tão ousado? Já é dificílimo viver com alguma dignidade, ser um cidadão de bem neste nosso mundo tão complexo; como é que um padre vem pedir para as pessoas serem santas? Quem pode ser santo nestes dias terríveis em que vivemos?

Santos Fra Angélico

Sendo um discípulo fervoroso de Nosso Senhor Jesus Cristo e um valoroso guerreiro da Virgem Santíssima, Mons. João não fazia outra coisa senão repetir aquelas exigentes palavras do Divino Mestre, ditas há mais de dois mil anos: “Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5, 48). Meditando sobre isso, podemos concluir que as condições e as circunstâncias necessárias à santidade são as mesmas do passado, afinal, conforme as palavras de São Paulo, em sua epístola aos Hebreus, “Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade.” (Hb 13, 8) Os pecados também não mudaram e nem tampouco mudou a essência do homem. Por mais que nos consideremos modernos e evoluídos, como está dito em Eclesiastes (1,9), “não há nada
de novo debaixo do sol”, e o chamado à santidade que começou com Adão será o mesmo até o último homem que existir sobre a Terra. A Igreja é o terreno propício para o florescimento de nossa santidade, para que possamos, com nossa entrega, obediência e fé, santificar também a Ela, cuja saúde e sobrevivência dependem de cada um de nós, células genuínas do Corpo Místico de Nosso Senhor.

Assim, convidamos os leitores a acompanharem a nossa seção “Santos Perseguidos”. O primeiro deles será Santa Teresa de Jesus, cuja história, permeada de sofrimentos, perseguições, difamações e injustiças, é simplesmente emocionante.

Aproveito esta ocasião para lhe fazer um convite. Visite, subscreva e compartilhe nosso canal no YouTube: Canal Arautos sem Segredos


1 ROYO MARÍN, Antonio, in: CLÁ DIAS, João Scognamiglio. Dona Lucilia. Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2013,
p. 22.

Compartilhe:

Você talvez goste também...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *