Hagiografia

Maria: Mãe e espelho de todos os santos5 minutos para ler


Ainda está muito longe da nossa compreensão abarcar o que significa o ser Mãe de Deus. A criatura contendo em si o Criador é um mistério que nossa inteligência nunca logrará explicar por inteiro.

Observemos esse mistério grandioso pelas vias da ternura, contemplando a Virgem Santíssima que, como Mãe devotada, iniciou a adoração ao Seu Divino Filho desde o momento da sagrada concepção. Podemos imaginar com que dedicado carinho, respeito e veneração Ela osculava as frágeis mãos e os delicados pés do Menino-Deus. Quão imensa e invulgar terá sido Sua alegria ao ouvi-Lo pronunciar as primeiras palavras, que dariam ensejo a tantas conversas elevadas ao longo de 33 anos de íntimo convívio.

No entanto, esta suave e doce imagem se mescla à da dor mais profunda que o mundo já contemplou. Depois do nascimento de Jesus, numa gruta em Belém, não demorou a que Herodes decretasse a perseguição aos primogênitos, obrigando a Sagrada Família a fugir para o Egito. Nossa Senhora teve que deixar sua casa, os seus pertences, a segurança do seu lugar e partir, com São José, rumo ao desconhecido. Deixou a casa de Davi para voltar à terra onde o seu povo fora escravizado e sofrera tantas perseguições. E, enquanto fugiam, houve o terrível derramamento de sangue inocente, com milhares de criancinhas arrancadas de suas mães e violentamente assassinadas.

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Ao começar a vida pública de Nosso Senhor, Maria acompanhou o Filho em Seu ministério e percebeu a falsidade daqueles que se aproximavam d’Ele com a intenção de satisfazer os próprios interesses. Ela viu a traição de Judas, a debandada dos companheiros mais íntimos na fatídica noite do início da Paixão. Ela O acompanhou ao longo do caminho até o Calvário. Quão dilacerado ficou Seu coração ao ver Seu Divino Filho cair por três vezes, sob o peso do madeiro, cansado e exaurido pela tortura sofrida! Como Ela deve ter desejado amparar as Suas quedas e ajudá-Lo a carregar a pesada cruz!  Depois, viu a túnica de linho, que tecera para Ele com tanto esmero, ensangüentada, ser sorteada pelos soldados.

Ela viu Seu Filho nu, e se angustiou ao presenciar a vergonha d’Ele, tão casto e tão puro, tendo a sua intimidade aviltantemente exposta. Ela permaneceu em pé, acompanhando cada gemido, cada lágrima, cada gota de sangue que caía:

“Ó Mãe Dolorosa, que aflita chorais, repleta de luz, Bendita sejais! Bendita sejais, Senhora das Dores, ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores!”[1]

E o último gládio de dor atravessou o seu coração quando viu o seu amado Filho tombar a cabeça e expirar. Depois, quando Ele foi retirado da cruz, O segurou no colo, como fazia com aquele lindo menininho de olhar trigueiro. Tudo estava consumado.

Assim, Maria foi o maior exemplo de santidade que existiu, uma santidade forjada no amor, na intimidade com Deus e na suprema dor. Simbolicamente, Ela morreu com Seu Filho e com Ele ressuscitou. Mais tarde, foi assunta aos Céus e coroada Rainha dos homens e dos anjos. Mas, nem por isso, acabaram a sua dor e o seu sofrimento. Cada afronta, cada ofensa sofrida por Nosso Senhor, ao longo desses dois mil anos, representa  um novo gládio a ferir o Seu Imaculado Coração.

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Ela que se fez Mãe e protetora de todos nós, espelho de todos os santos, que já veio pessoalmente trazer a Sua mensagem à Terra em Fátima, em La Salette, em Lourdes, na Rue du Bac de Paris, em Akita, no Japão, e em tantos outros lugares, sofre e se aflige ao ver as afrontas que o seu Filho continua recebendo, cada vez mais intensas.

Novos Herodes matam crianças inocentes através da legitimação do aborto. Novos Pilatos lavam as mãos e continuam libertando Barrabás. Novos algozes continuam desnudando a Jesus com suas práticas imorais e hoje, pior do que tentar crucificar seu filho novamente, autoridades de todos os quadrantes, em nome do “Estado laico”, tentam apagar a realidade da Cruz, reduzindo Jesus a um conceito abstrato, uma simples suposição.

Maria é temida e odiada. Ao longo dos séculos, muitas imagens Suas foram quebradas e profanadas, e a perseguição e a traição pairam sobre todos aqueles que servem a seu Filho e a têm por Mãe. Como ela anunciou em Fátima, está cansada de suster o braço de seu Filho para que Ele atrase o castigo e dê mais uma chance de conversão às pessoas que, no entanto, poderiam precipitar-se no inferno cada vez mais rapidamente. Dir-se-ia que está enfastiada por ver se alastrarem os pecados cada vez mais escandalosos e os crimes cada vez mais hediondos, e combalida por constatar que as suas mensagens têm sido escondidas ou deturpadas por quem deveria dá-las a conhecer. Também os santos que recebem essas revelações celestes são na maioria das vezes silenciados, perseguidos e têm suas profecias escondidas.

Entretanto, por piores que sejam os atos e as omissões daqueles que tentam minimizar ou esconder o que Deus prometeu, Maria Santíssima se prepara para, Ela mesma, triunfar conforme prometera em Fátima. Ainda que duvidem e zombem, a punição para os maus não tardará e o seu Reino se instalará sobre a terra.


[1] Hino às Sete Dores da Santíssima Virgem (Maria do Rosário).


(*) Izilda Alves de Oliveira é formada em Letras pela USP, graduanda em Psicologia pela Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro e pós-graduanda em Docência do Ensino Superior pelo SENAC/SP.

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3 comentários

  1. Denise Aparecida Defanti da Cruz disse:

    Minha Mãe transformai o meu coração,trocai o Vosso Coração pelo meu para que eu possa amar ao Vosso Filho Jesus como Vós O Ama.

  2. Ecio Vilmar da Silva disse:

    Hoje estou com a idade de 60 anos e agradeço aos Arautos por terem entrado em minha vida e me fazer conhecer Maria e nosso Senhor Jesus Cristo nestes longos18 anos. Acredito que encontrei o maior tesouro que se pode achar DEUS.

  3. Piadosa meditación de la señora Izilda. Con certeza, fruto de una devoción profunda a María Santísima. Que Ella sea siempre el faro de luz que nos conduzca al puerto eterno de salvación, Jesucristo nuestro Señor.

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