Refutações

Segunda resposta dos Arautos a “Vida Nueva” – 2 de 27 minutos para ler

No contexto da polêmica levantada pela revista espanhola Vida Nueva, o setor de imprensa dos Arautos do Evangelho procedeu a exigir a publicação de um segundo artigo, como direito de resposta, para restabelecer a verdade dos fatos frente ao artigo “Heraldos del Evangelio: caso abierto”, de 25 de outubro de 2019.

Segue, a continuação, a Parte II deste segundo artigo dos Arautos, publicado em Vida Nueva no dia 19 de novembro de 2019. Compreenda todo o contexto da matéria lendo a introdução à Parte I, publicado anteriormente.


Continuação: Resposta dos Arautos do Evangelho para “Vida Nueva”

“Para os santos, que estão sobre a terra, homens nobres, é todo o meu amor”

“Aos dicastérios vaticanos preocupa especialmente a devoção que os membros professariam ao fundador”, conforme uma das chamadas do artigo de Menor. A propósito deste assunto se tratou com suficiente clareza na resposta dada anteriormente a “Vida Nueva”. Com efeito, do ponto de vista doutrinário, canônico e litúrgico, este tema também se abordou no dossiê de 572 páginas que os Arautos apresentaram à CIVCSVA. Nada há nele contrário à sã doutrina católica. A dulia em seu sentido teológico está exposta na Suma de Santo Tomás. É uma virtude derivada da justiça, e não constitui um monstro de sete cabeças. Quem desejar se aprofundar sobre este tema, tem à sua disposição a sabedoria do Aquinate que faz sempre bem à mente e ao coração.

O fato de Menor repetir uma acusação já respondida quer dizer de duas uma: ou estamos em um diálogo de surdos, improdutivo do ponto de vista intelectual, ou o apresentar somente as acusações dos abusos parecia fraco, e foi preciso rechear a bandeja com a sobra de ontem… Mas, para dar-lhe uma aparência de recém cozido, ademais de requentá-lo, foi preciso acrescentar-lhe sal. Sim, segundo uma das supostas vítimas, o culto ao fundador seria… fanático! Aqui apelamos a Pilatos e, parafraseando um de seus diálogos com Jesus, perguntamos: O que é ser fanático? O termo fanático é muito usado, mas poucos conhecem sua origem etimológica latina que faz referência aos adeptos de um só templo ou deus em tempos de politeísmo. Uma espécie de monoteísmo avant la lettre. Nesse sentido, os judeus têm sido sempre fanáticos e os católicos também ao adorar um único Deus.

Mas, voltando ao nosso caso: os Arautos, por exemplo, em algumas de suas casas mantêm a adoração eucarística perpétua: culto fanático? Recitam o Santo Rosário completo: devoção mariana fanática?… Entre eles o papel do fundador e dos inspiradores da própria espiritualidade é de enorme importância, justamente porque conduzem a uma prática de piedade eucarística e mariana transbordante de vida, assim como a um sincero amor à Igreja.

Por outra parte, seja-nos permitido ressaltar que, na hodierna conjuntura eclesial, aparenta escândalo farisaico da parte de Menor ele sentir calafrios pelo respeito e deferência dedicados a um fundador na própria Instituição por ele erigida, e permanecer neutro ante outros tipos de pseudoculto pelo menos estranhos ou alheios ao Catolicismo que temos assistido ultimamente. Diante de um panorama católico tão transtornado pelos pecados dos filhos da Igreja, é necessário enumerar atitudes bizarras e escandalosas que beiram, para dizer pouco, à idolatria? Portanto, cabe perguntar: não há questões mais graves, urgentes e perniciosas com que se preocupar antes de se apressar em tirar um suposto cisco do olho dos Arautos? Nesse caso, por que não colocar em prática o Santo Evangelho?

Outras acusações variadas e genéricas

A pena de Menor ainda enumera outras acusações relativas à “prática de exorcismos irregulares e à alteração de conteúdos da fé para conseguir manipular as pessoas”. Também, afirma ainda o jornalista Menor, “se estudará um episódio de presumido suicídio induzido”.

Em sua maioria essas questões foram esclarecidas em nossa resposta anterior. Por amor à verdade, sem embargo, apresentaremos algumas considerações pontuais a respeito.

  1. Não houve prática de exorcismos irregulares como já se explicou. E a grande maioria dos beneficiados pelas bênçãos de cura e libertação dadas pelos sacerdotes dos Arautos deixaram seu testemunho de gratidão. Tais documentos, numerosos, têm sido enviados à CIVCSVA. Aqui cabe outra indagação: se os frutos têm sido bons, não há de sê-lo também a árvore? Ensina-nos o Evangelho que sim.
  2. Não tivemos nenhuma notícia de alteração nos conteúdos da Fé por parte da Instituição ou de qualquer de seus membros ao longo de todos esses anos de existência, nem apareceu o mínimo vislumbre disso durante a Visita Apostólica. Por desgraça, outras ordens têm visto inclusive alguns de seus membros afirmarem em público coisas contrárias ao Dogma. O jornalista Menor se preocupou em escrever algo a respeito? Se a resposta é negativa, por que dois pesos e duas medidas? Não estaremos ante uma versão sacralizada do cinismo de Somoza, o ditador nicaraguense que dizia: “a meus amigos dinheiro (plata), a meus inimigos chumbo (plomo)”?
  3. O suposto caso do suicídio induzido, que na realidade não passa de uma lamentável morte acidental, já foi analisado e tipificado pelas autoridades civis. O testemunho do pai da religiosa falecida, divulgado na internet com mais de trezentos mil acessos, desmente todo tipo de suspeitas. A documentação relativa ao caso foi entregue in tempore opportuno aos Visitadores Apostólicos. Neste ponto, surge outra dúvida: teriam lido na CIVCSVA a resposta dos Arautos de 572 páginas sobre estes e outros temas levantados por um pequeno grupo hostil aos Arautos?

A “vexata quaestio” de um “decretum infectus”…

Menor continua fazendo voar sua pena com uma capacidade excepcional de pintar com cores surrealistas a verdade das coisas. Assegura o jornalista de “Vida Nueva” que os Arautos “recusaram o comissário”. Inclusive sua fonte vaticana, o bico de ouro, volta ao canto com a indicação de que “os Arautos não querem obedecer”. Por isso, de Roma manifestam o desejo de tomar as rédeas da Instituição custe o que custar, a fim de “reformá-los de dentro”.

O interessante é que Menor reconhece, citando Baura, que a autoridade eclesiástica competente não tem poder para comissariar uma Associação Privada de Fiéis. Fica, então, manifesto o golpe de punho sobre a mesa de quem detém o poder nominor quia Leo, pois, segundo Menor, “na Santa Sé há pleno convencimento de que existem ferramentas jurídicas para tomar as rédeas dos Arautos”. E não importa se é Associação Privada ou Pública: “a intervenção seguirá adiante”…

Segundo Nasón: “inde data eleges, ne fortior omnia posset – as leis estão para que o poderoso não possa tudo”… Os Arautos, como fica meridianamente claro em seu comunicado de imprensa, não recusaram o comissário, inclusive o acolheram com veneração e respeito como eminentíssimo cardeal da Santa Romana Igreja. Sem embargo, observaram um lamentável equívoco no Decreto que o invalida por grave erro de pessoa jurídica e recorreram ao Direito. A Instituição não tem culpa da mala práxis exercida pela Congregação.

De outra parte, tão descabida não terá sido a atitude dos Arautos, baseada em sólida argumentação jurídica, quando até o próprio auxiliar do Comissário – durante anos secretário do Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos – confirmou que a objeção é admissível. Eis suas palavras: “Quanto à situação da Associação Arautos, vou preparar uma carta [para a Santa Sé] a fim de explicar que efetivamente existe uma objeção admissível, referente à natureza jurídica da Associação e ao tipo de intervenção possível por parte da autoridade competente. A questão da Associação é a verdadeira e pertinente objeção sobre o tema”.

Para concluir…

A Associação Arautos do Evangelho está ainda à espera de uma concreta e objetiva apresentação dessa temível série de “presumidos delitos, pecados e irregularidades” mencionada por “Vida Nueva” na pena de seu jornalista Menor. Enquanto isso, o comissariado dos Arautos continua uma incógnita…

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2 comentários

  1. O comissariado [Autoridade que representa outra Superior]que analisa os Arautos continua uma incógnita… Rapidez em levantar suspeitas, em ameaçar punição e intervenção… Lerdeza, moleza e indolência em ver a falha cometida neste momento e relembrada pelos Arautos. Quia nominor Leo viola a lei que protege o que depende do preceito. Arrogante e prepotente é quem acha estar acima da Lei para tomar as rédeas e intervir como deseja nos Arautos do Evangelho. Não estamos na África, como diz uma metáfora, em que o leão acorda e começa a correr para caçar e sobreviver; a gazela acorda e começa a correr para se alimentar e viver… De qualquer forma, diz a metáfora, não importa se se é leão ou gazela. É preciso lutar pela própria sobrevivência. Pusilânime seria quem se deixa destruir sem se defender ou provar sua inocência. Avante Arautos. Maria está com vocês.

  2. Nestor disse:

    Creo al tal Menor le convendría que le hicieran un exorcismo… Pero de esos bien fuertes, como un acto de caridad, a fin de sacarle esas legiones de demonios que lo impelen a hacer tanto mal, y a soltar tantas estupideces. Tal vez en Roma podría encontrar entre sus amigos clérigos quien le hiciera ese favor. Pero que no olvide implorar de rodillas que se lo hagan según los cánones permitidos.

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