Em 3 de novembro de 2019, o jornal online Terceira Via — portal de notícias de Campos dos Goytacazes, RJ — publicou um artigo de cinco páginas, mencionando recentes denúncias de violência, abuso sexual, racismo e maus tratos supostamente praticados pela Associação Arautos do Evangelho. O noticiário entrevistou a mãe de um jovem campista que frequentou a Associação por alguns anos, e transmitiu o parecer de dois eclesiásticos: Dom Roberto Francisco, bispo da diocese de Campos, e Dom Fernando Rifan, bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney.
Sob o título “Arautos do Evangelho se defendem — Grupo da Igreja Católica rebate denúncias de maus tratos e abuso sexual repercutidas na mídia nacional“, a reportagem também publicou as respostas do Pe. João Carlos Barroso, dos Arautos do Evangelho, às perguntas feitas pelo jornal acerca da origem de tais acusações, bem como sobre o modo de proceder da Associação frente à campanha que esta sofre.
Pelo interesse que estas perguntas suscitam, oferecemos aos nossos leitores esta entrevista, que foi publicada na íntegra.
A reportagem do Terceira Via procurou os Arautos do Evangelho, em Campos. Por meio do padre João Carlos Barroso, a assessoria de imprensa da ordem em São Paulo respondeu algumas perguntas sobre a organização religiosa, e sobre a repercussão negativa a partir das denúncias veiculadas pelo Fantástico.
Terceira Via: Como a comunidade Arautos do Evangelho reage às denúncias recentes na mídia?
As notícias veiculadas pela imprensa são oriundas de um minúsculo grupo de desafetos da entidade, que encontrou amparo num setor de mídia sensacionalista e parcial
Pe. João Carlos: Antes de tudo, é necessário reiterar que as notícias veiculadas pela imprensa são oriundas de um minúsculo grupo de desafetos da entidade. Eles encontraram amparo na mídia sensacionalista para dar vazão às suas ilações, que já circulavam pela internet há certo tempo. Qualquer pessoa sensata entrevê por trás desse linchamento midiático uma autêntica perseguição religiosa. O posicionamento da comunidade pode ser descrito da seguinte forma: de uma parte, muita tranquilidade, por saber que todas as acusações são completamente falsas ou manifestamente exageradas. De outra parte, existe o sentimento de inconformidade pelos ataques injustos, contraditórios e na maioria baseados em testemunhos anônimos. Pelo desproporcional espaço dedicado aos detratores e pela manipulação de informações – algumas delas sob segredo de justiça – desconfia-se da imparcialidade de certos meios de comunicação.
TV: Há quanto tempo os Arautos estão em Campos?
JC: Os Arautos do Evangelho estão em Campos desde a fundação da entidade em 1999.
TV: A ordem religiosa é conhecida pela devoção a Cristo, e também pelo rigor disciplinar dos meninos, procede?
JC: De fato, a devoção de todo católico se dirige em primeiro lugar a Cristo. Une-se ainda a essa centralidade, a devoção à sua Mãe, Nossa Senhora, e à cátedra de Pedro, como pilares da espiritualidade dos Arautos do Evangelho. A disciplina vigente na entidade segue as imemoriais práticas católicas, em conformidade com as leis de Deus e dos homens. Ora, todo cristão está chamado à perfeição evangélica, à qual não é alcançada sem o que hoje se chama de “foco”. Em outras palavras, as obras materiais e espirituais de valor sempre demandam ordem, força de vontade e concentração, sempre com o auxílio da graça de Deus.
TV: Para os frequentadores da paróquia no Parque Imperial e para a comunidade, mudou alguma coisa nestas duas semanas?
Como em todas as perseguições anticatólicas, a presente campanha serve de fator de afervoramento e crescente apoio às nossas atividades
JC: Como em todas as perseguições anticatólicas, há grande afervoramento daqueles que realmente nos conhecem e crescente apoio às nossas atividades. A comunidade de Campos recebe, como todas as demais, formação permanente sobre a espiritualidade da Associação. Se a pergunta se refere à recente campanha midiática, é desnecessário qualquer ulterior esclarecimento, pois qualquer membro dos Arautos percebe o desatino das acusações.
TV: O que pretende fazer os Arautos do Evangelho após essa projeção negativa na mídia?
JC: Fazer como prescreveu o Apóstolo Paulo (Rm 12,21), isto é, combater o mal com o bem. De uma parte, é dever de justiça e caridade informar a realidade dos fatos e, por outra, fazer o que sempre fizemos: pregar a boa-nova a toda criatura, pelo exemplo, pela espiritualidade legada por Jesus e pela caridade para com todos, em especial para com os desvalidos, como os encarcerados e os enfermos.
TV: Em casos de discordâncias de membros da comunidade, como proceder?
JC: Com toda caridade. Cada um é livre para manifestar a sua discordância. Se a observação é coerente, procede-se prontamente com medidas sanadoras para o bem das pessoas envolvidas e para o bem comum.
TV: A organização pretende se defender judicialmente contra a emissora que veiculou a reportagem?
No tocante à defesa judicial, os advogados da instituição estão estudando as medidas cabíveis
JC: Sim, é surpreendente e inaudita uma matéria desse teor, de cerca de 25 minutos, durante dois domingos consecutivos. Com efeito, na primeira transmissão, a TV Globo veiculou diversas acusações, sem oferecer as respostas oferecidas na entrevista com os Arautos ou omitindo partes fundamentais. Ao contrário das infâmias divulgadas, a entidade prega com ênfase a união familiar, a união entre os povos, sem qualquer espécie de privilégio racial, e a castidade, levada a sério na instituição. O preconceito religioso se estendeu em revelar dados distorcidos das bênçãos exorcísticas e dos chamados “capítulos”, confundindo a mente do povo. Quanto à segunda transmissão, foi lamentável a emissora não dar ouvidos a pessoas que queriam se exprimir em nome da associação, com a anuência desta. O novo programa repetiu as truculências e diatribes contra a associação. Chamou a atenção a divulgação do tapa simbólico da crisma, como se fosse uma agressão, omitindo o abraço sucessivo e manipulando o volume do som. No tocante à defesa judicial, os advogados da instituição estão estudando as medidas cabíveis.
TV: Qual a melhor maneira de se resolver esta situação?
JC: É manifestando a verdade. Os Arautos, ao contrário, do que se divulgou, promovem o bem, onde quer que atuem. Por exemplo, o Fundo Misericórdia de amparo às pessoas carentes beneficiou, desde 2005, 585 instituições de caridade, em mais 200 municípios e 106 dioceses no Brasil. No tocante às intenções por trás dessa desproporcional campanha difamatória, encontra-se um objetivo muito claro, a saber: minar as bases conservadoras, que defendem os valores da família, da vida cristã e da paz social, conforme os ensinamentos da Igreja Católica. A instituição espera o fim dessa campanha antirreligiosa, que no fundo visa alvejar o governo legitimamente eleito e, por tabela, a todos brasileiros de boa vontade que almejam o bem da nação. Os Arautos do Evangelho são conscientes das perseguições do passado e sentem suas metamorfoses no presente. Contudo, esperam um futuro diferente, pois Jesus prometeu que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra a Igreja.
Me permitam certa parcialidade.
Fiquei surpreendido com a neutralidade da resposta do bispo diocesano. Pois, há mais de 8 anos que ele tem contato com os Arautos do Evangelho em Campos.
Cabe ao pastor conhecer as ovelhas do seu redil e ter informações suficientes para dar um parecer sobre um movimento que atua em sua diocese. Portanto, no mínimo, deveria ter falado sobre a Obra de Evangelização dos Arautos na diocese de Campos de forma efetiva, inclusive através do incentivo financeiros, através do Fundo Ajuda de Misericórdia.
Toda a Evangelização dos Arautos em Campos é exemplar. Digo isto, porque sou testemunha. E testemunho que são mentiras, quando falam mal dos Arautos. Não só em Campos, mas onde tem Arautos. Até autoridades eclesiásticas sabem que são mentiras.
Nossa família acompanha os Arautos desde de seu fundador idealizador Dr Plinio Correa de Oliveira, ideal este concretizado na pessoa de grande envergadura espiritual o Mons. João Clá S. Dias. Tenho a honra de ter dois filhos que pelas mãos de Maria vem labutando pela causa de Deus e de Sua Igreja nas fileiras dos Arautos. Sinto que os nossos detratores, que são uma minoria quase anônima, tragam tanto fel em suas almas, enquanto nós, da família Arautos, nos sentimos felizes em pautar nossas vidas com retidão, disciplina e sem mundanismo, procurando crescer na santidade e pureza de corpo e alma. Será que é isto que incomoda tanto a esta minoria? Deus sabe.
Muito bem respondidas todas as perguntas, já se tornou uma catequese para todos , pois quem fala a verdade nunca se cansa.
Cada vez mais os Arautos tem nossa confiança.