Hagiografia

Levantai-vos, soldados de Cristo!5 minutos para ler


“Não nascemos senão para a luta,
de batalha amplo campo é a Terra.
É renhida e constante essa guerra,
é herança dos filhos de Adão…”

Ao se deparar com a expressão “soldados de Cristo” alguns podem sentir certo incômodo, e pensar em guerra, luta, morte, destruição. A outros, porém, a expressão causa entusiasmo e lhes faz pensar em vitória, conquista, destemor. Mas, a quem se refere esse antigo hino religioso, do qual usamos uma estrofe como epígrafe? Quem são, afinal, os soldados de Cristo? Existe uma guerra? Que guerra é essa?

Sim estamos em guerra! E não se trata de uma pequena revolta, de uma guerrilha sem maiores consequências. Estamos no meio daquela que pode ser a maior batalha já travada pela humanidade, a luta entre o bem e o mal. Uma guerra de valores, e não se trata de uma batalha metafórica, mas completamente real, conforme bem descreveu o Apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios:

“Finalmente, irmãos, fortale­cei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares. Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever.” (Ef 6, 10-13)

Do Gênesis ao Apocalipse, as Sagradas Escrituras trazem relatos de lutas. O vocábulo “batalha” aparece 68 vezes e “guerra” 228 vezes. Não cometeremos nenhum exagero ao dizer que o Livro Sagrado é uma história de guerra, uma guerra que começou com Adão, lá no jardim do Éden, quando ele e sua mulher foram ludibriados pela serpente e caíram no pecado de desobediência, cujas consequências nós vivemos até hoje. Começou com Adão, permeou toda a história do povo hebreu, culminou na traição, suplício, crucificação e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e se estende à batalha final, que é presente no mundo atual.

Na borrasca das infames calunias e mentiras levantadas recentemente contra os Arautos, tristemente nós vemos, mais uma vez, o engodo da astuta serpente enganando pessoas distraídas que tomam o mal por bem – ou por não saberem que se trata do mal ou por relativizarem e, mesmo sabendo, acharem que o mal não é tão mal assim…

O engano nunca é pequeno e acaba se espalhando com seus tentáculos em muitas direções. Tanto é que, entre as “acusações” feitas aos Arautos, por falta de substância atribuíram ao Monsenhor João Clá – fundador dos Arautos do Evangelho – a autoria de “boatos sobre o fim do mundo”, acusação que incide na velha e gasta tecla de que os Arautos fazem lavagem cerebral em seus membros. Utilizando-se (com pouquíssimo ou nenhum conhecimento de causa) o termo francês “bagarre” – que significa tumulto, confusão, caos – os detratores acusam o Mons. João de ter inventado esse possível cenário para amedrontar aqueles que estão próximos dele. É de doer tamanha estultice!

Está certo que o Mons. João já escreveu dezenas de livros (alguns deles publicados pela Libreria Editrice Vaticana) mas ele não escreveu nenhum dos livros da Bíblia. Ele não escreveu os Evangelhos e nem tão menos o Apocalipse. Atribuir a ele a autoria das palavras proferidas por Jesus e por seus apóstolos é sinônimo de ignorância e de desespero, pois só pessoas desesperadas agem sem pensar, falam sem conhecer, acusam sem ter como provar. Traem e vendem, como um dia Judas fez. Rezemos para que eles não sigam o terrível exemplo de Judas que, condenando-se, perdeu para sempre a possibilidade de se arrepender….

Estamos, sim, em plena batalha e o campo de guerra, ao nosso redor, já mostra o tamanho da destruição suscitada por essa luta entre as trevas e a luz. E os soldados, meus amigos, outrora se chamaram Noé, Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Rute, Ester, Davi, Pedro, Paulo, João e tantos outros retratados na Palavra. Depois deles, vieram muitos mais. Deram a vida pela causa de Nosso Senhor e foram agredidos, atacados, caluniados, perseguidos, martirizados. Sofreram perseguição de fora e de dentro da própria Igreja que, mais tarde, reconheceu o valor de cada um deles.

Esses soldados nós chamamos de santos e é sobre eles que esse espaço tratará. No entanto, é bom lembrar que não coube apenas aos santos empreender essa guerra e que uma batalha não se faz só de generais. A eles cabe traçar a estratégia, preparar, encorajar e enviar as tropas para as frentes de batalha, porém, uma guerra se faz com os soldados de todas as patentes. Soldado é cada um de nós, pois todos fomos chamados à santidade e essa é uma conquista de cada dia, hora a hora. Para que não desanimemos e nem fraquejemos na fé, nós os convidamos a fazer um percurso pela vida dos santos perseguidos. Santos conhecidos e desconhecidos, cujas memórias devem nos inspirar, seus sofrimentos nos fortalecer e seus exemplos nos arrastar.


(*) Izilda Alves de Oliveira é formada em Letras pela USP, graduanda em Psicologia pela Faculdade Municipal Prof. Franco Montoro e pós-graduanda em Docência do Ensino Superior pelo SENAC/SP.

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